Coxinha, Marmita e Gangsta.

Estou deitado no hospital com gesso na perna e pontos na região lombar. Minha mãe está tricotando meu nome num pano de prato no sofá ao lado, e eu quero muito defecar sem a ajuda da enfermeira. Mas nada me impede de escrever pro Humor Hipostático.

Gian escreveu anteriormente sobre profissões de risco e etc. E bem, eu quero muito ser alguma coisa na vida, como músico, escritor, jornalista, publicitário, goleiro ou filosofo. Mas vou acabar sendo pedreiro. É o destino, está tudo traçado. Desde muito pequeno eu adoro coxinha e suco de acerola. Sou viciado em marmita e nunca deixo escapar um churrasco na casa do Bigode.

Meu pai já foi pedreiro e meu avô era pedreiro. Meu bisavô era auxiliar de pedreiro e meu tataravô era Gangsta. Enxergam como o destino é cruel comigo? Já tentei vestibular duas vezes e fiquei no “quase”. Iria fazer a prova para o IFRN, mas minha mãe não pagou o boleto.
É como um talento da família que eu não posso deixar de lado. O destino foi traçado quando em cima daquela telha PVC eu nascia e escorria pela calha até uma poça de massa preparada pra colocar entre os tijolos. Não sei por que, mas eu sempre adorei olhar a argamassa cinzenta misturada com água. Achava poético o excesso de cimento escorrendo pelos tijolos. Achava... Ah, sei lá. Eu não quero ser pedreiro. Nada contra a profissão, que é bastante digna, diga-se de passagem. Você agüenta ficar no sol de meio dia sentado num tijolo botando pra dentro aquela banda de galeto assado vindo direto dá Galeteria do Galego? Claro que não. Isso é pra pessoas especiais com físico impecável. Mas eu queria quebrar um pouco a linha histórica da família e bater no peito dizendo: “ Eu quebrei as regras, eu sou o homem mais foda do mundo “

Seguir os próprios ideais... Pense nisso.

Agora é hora da papinha. O homem mais foda do mundo precisa se alimentar. Tô errado?