segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Manchúria - Episódio 2: Os caminhos do cabeludo

Aponte a Manchúria no mapa acima





- Tem certeza que é essa a parada?
“Fica frio... Já peguei ônibus aqui várias vezes.”
- Não entendo pra que você pega ônibus. Cê num é onipresente?!
“É o que dizem?”
- E não é?
“Você acredita em tudo que ouve?”
-Não devia?
“Lá vem ó!”

Enfim a caminho de casa, depois daquela horrível Conferência de fãs do Jonas Brothers. Ônibus tranqüilo... Eu, o todo poderoso e o cobrador (que também era o motorista).

-Cê acredita que não consegui comprar nenhum anelzinho da pureza. A fila era enorme! E quando finalmente cheguei pra comprar, um garoto furou a fila, comprou o anel e correu.
“Se eu fosse você, tinha surrado ele.”
-E isso não é pecado?
“E roubar não é?”
-Você é cheio de contradições, né?
“Droga!”
-O que?
“Uma Blitz!”
-Onde? - Olhando pela janela do ônibus.
-Não tô vendo nenhuma Blitz. Deus... Deus?

“Você tem esse costume de falar sozinho? – Me fala o cobrador.”

O ônibus começa a reduzir a velocidade.

-Quié que foi cobrador?
“Nada de mais, só uma blitz. Vai ser jogo rápido.”

Nesse momento sobem três policiais armados até os dentes com shurykens.

“ôÔôô moleque, levanta a camisa ai!” Fala o menor e mais cabeludo dos três.

“Pode baixar. Abre as pernas e levanta os braços”

Ele começa a me revistar.

“HAH! Seu malhandu! Olha aqui tenente, achamos o nosso homem.”

Ele tira do meu bolso de traz um pequeno objeto brilhante e circular.
Sim, era um anel da merda da pureza.

“Como você conseguiu isso filho?” Pergunta o tenente gordinho.
-Não foi eu que comprei isso, juro que não é meu! Armaram pra mim senhor.
“Ah claro! E eu vou chamar o Mickey Mouse ali.”
“Vamos levar ele.”

O terceiro, mais magro e alto do grupo, que segurava meus braços pra trás, passa nos meus punhos umas algemas. É... Eu também me perguntava qual o problema de ter a merda do anel da pureza, e quem diabos colocou isso no meu bolso. Teria sido o cara que furou a fila com peso na consciência?

O carro policial seguia uma estrada muito estranha. Entrava e saia de matagais, subia e descia morros, e às vezes precisávamos subir com ele em botes de transporte para veículos para chegar à droga do lugar que eu não sabia onde era.
Tive uma fantástica idéia.

-Pra onde estão me levando? (A idéia foi perguntar isso.)
“Manchúria.” Fala o mais alto.
-E onde fica isso?
“África do Sul.”
-Tá de sacanagem?
“Tenho cara de que gosto de fazer gracinhas?”
-E se eu disser que tem?
“Você gosta de apanhar?”
-Por quê? Você gosta de bater?
“Aê galera, o moleque é bom!” Fala pros outros abrindo um sorrisão.
“Eu acho que podemos solta-lo. Ele me venceu no jogo das perguntas.”
“Sério Anderson? Se for assim, podemos solta-lo então. Né tenente?” Pergunta o mais cabeludo.
“Tá, joga ele ai então.”

O magrelo tira as algemas abre a porta com o carro ainda em movimentos e me joga.
Eu rolo uns 15 metros e bato com a cabeça numa rocha. Desmaio.

Ao acordar sinto-me confortável em algum lugar macio. Percebo que estou num beliche... Num colchão onix mais precisamente. Um pouco tonto ainda. Mas percebo que é um quarto de hotel. De repente a única porta no recinto se abre e um garoto com cara de Fresno entra.

“Vitor?._.”
-Gian?!

(OBS: A parte 3 será postada por Gian, ou não)


Giancarlo Danves. Hipostático desde 1973, vendedor de morcego morto nas horas vagas.

4 comentários:

Comente :D